terça-feira, 21 de setembro de 2010

globalização e ecologia

Benefícios e prejuízos da globalização PDF Imprimir E-mail
"A globalização permitiu às pessoas, às empresas e às nações influir sobre ações e acontecimentos de modo mais rápido, profundo e barato, como nunca antes."


A globalização permitiu às pessoas, às empresas e às nações influir sobre ações e acontecimentos de modo mais rápido, profundo e barato, como nunca antes. A abertura comercial e o desaparecimento de muitas barreiras têm potencial para expandir a liberdade, a democracia, a inovação e os intercâmbios sociais e culturais, além de oferecer excepcionais oportunidades para o diálogo e o entendimento. Este é o lado bom da globalização.
Mas, a natureza global de um número cada vez maior de fenômenos inquietantes, a escassez de recursos energéticos, a deterioração do meio ambiente, os movimentos migratórios provocados pela insegurança, a pobreza e a instabilidade política ou mesmo a volatilidade dos mercados financeiros, como se viu há poucas semanas, também são subprodutos da globalização.
Em alguns casos, a globalização reforçou as economias fortes e debilitou ainda mais as que já eram fracas. Além disso, vimos preocupações sobre o impacto nas estruturas sócio-econômicas do aumento da competição ou do recurso a fontes no estrangeiro em serviços que requerem trabalho intensivo. O problema das desigualdades do comércio global também foi considerado negativamente.
Mas, o aumento das restrições comerciais seguramente não é a resposta adequada para enfrentar os inconvenientes da globalização. O dano que tais restrições poderiam criar seria de uma magnitude inconcebível. Freqüentemente a verdadeira causa do mal-estar não é o fato de haver muito comércio, mas o fracasso em acompanhar a abertura comercial com outras políticas comerciais que poderiam incrementar o impacto benéfico de abrir-se à competição externa.
A lembrança da recessão dos anos 30, que começou com o protecionismo comercial e finalmente conduziu à Segunda Guerra Mundial, agora aparece pouco nítido nas mentes de algumas pessoas. O estabelecimento do sistema de Bretton Woods, incluindo o Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio (GATT, antecessor da Organização Mundial do Comércio), em busca de um ordenamento econômico mundial aberto surgiu para prevenir a repetição daquela tragédia. Deveríamos evitar cometer os mesmos erros.
Para começar, deve-se reconhecer que as políticas de abertura comercial sofrem de uma inata assimetria, pois aqueles que se beneficiam dos ganhos provenientes da abertura comercial são milhões, mas são poucos conscientes da fonte de suas vantagens, enquanto os prejudicados são milhares que podem identificar facilmente a origem de seus sofrimentos. Para os políticos, tal assimetria é difícil de ser solucionada, e freqüentemente o caminho mais fácil para enfrentá-la é converter os estrangeiros em bode expiatório.
Mas, como fazer para que o comércio beneficie a todos? Há dois aspectos a considerar. O primeiro é como garantir que os benefícios sejam divididos mais igualmente entre as nações. O segundo é como assegurar que se efetue uma distribuição melhor dos ganhos procedentes do comércio dentro de cada nação.
No primeiro caso, são fundamentais dois elementos: 1) regras mais justas para o comércio multilateral, e 2) elevar a capacidade comercial nos países em desenvolvimento. Um objetivo primário das negociações da OMC em curso é precisamente fazer frente às desigualdades remanescentes das suas próprias normas que afetam os países em desenvolvimento, seja na agricultura ou em áreas como têxteis ou calçados.
No segundo caso, embora a abertura comercial possa traduzir-se em maior crescimento e alivio da pobreza, isso não ocorre nem automática nem imediatamente; por isso, a abertura deve estar acompanhada de uma sólida agenda doméstica para estimular o crescimento e amortizar os custos do ajuste. Políticas impositivas apropriadas, política de competição, investimento no ensino de qualidade, nas redes de seguro social e inovação e o fomento de ambientes saudáveis devem em sua totalidade formar parte da mescla necessária para que o comércio se traduza em verdadeiros benefícios para as pessoas.
Em um momento em que os tratados de livre comércio (TLC) parecem estar na moda, o sistema comercial multilateral merece toda nossa atenção. Em primeiro lugar, graças ao compromisso e à visão de sucessivos governos e grupos de negociadores, o GATT-OMC foi um dos exemplos de maior sucesso na história da cooperação econômica internacional. Desde 1950, o comércio mundial cresceu 30 vezes em volume, enquanto o PIB mundial aumentou apenas oito vezes no mesmo período.
Em segundo lugar, a arena multilateral continua sendo o caminho mais eficaz para negociar questões comerciais. O acesso aos mercados resultante das negociações da OMC é global e não pode ser comparado com o acesso derivado de qualquer acordo comercial bilateral. Isso é especialmente certo para os países em desenvolvimento médios e pequenos, que têm muito menos poder negociador nas negociações bilaterais com sócios grandes que o possuem em um contexto multilateral. Em terceiro lugar, assuntos-chave como os subsídios agrícolas, o antidumping, subsídios pesqueiros, disciplinas ou procedimentos aduaneiros não podem ser enfrentados em acordos bilaterais, mas apenas na OMC.
Dito de maneira simples, devido às suas vantagens inerentes, o sistema comercial bilateral pode ser completado, mas não substituído pelos TLC.

 Maria Edenise  www.ecoeacao.com.br
* Pascal Lamy, diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Um comentário:

  1. Como várias coisas a globalização tem suas vantagens e desvantagens, mais temos sempre q aproveitar o seu lado bom para nossos benefícios. Ela nos deu melhor comunicação com as pessoas mais distantes e o avanço da tecnologia mais tbm aumentou a destruição do meio ambiente.
    Francisco Agenor Rocha / 3° "b"

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